25/01/2012

Um ano na "casa pequenina"

O tempo passa demasiado depressa e sinto muita dificuldade em acompanhá-lo.

Fez um ano em que a visita a nossa casa, a “casa pequenina” como ele lhe chamava, se tornou definitiva.
Foi uma sexta-feira. Fomos buscá-lo de manhã, passeámos, jogámos muito à bola, almoçámos e convidámo-lo a ir até nossa casa, onde já tinha estado uns dias antes para a conhecer e conhecer o nosso mundo.

Tínhamos sido apresentados como amigos e a nossa aproximação foi gradual. Uma visita num dia de uma hora, outra dois dias depois, um pouco mais longa, e foi-se intensificando aos poucos, até se tornar diária e durar grande parte do dia.
Foi o M. quem ditou as regras. Felizmente, foi bastante receptivo (embora receoso, muito receoso, como é normal), o que fez com que todo o processo de aproximação não tivesse demorado um mês.

A caminho de nossa casa, parámos para ir comprar um daqueles pára-sois que se colam nos vidros do carro. Enquanto o D. foi à loja, eu fiquei com o M. no carro (viajava com ele no banco de trás, sempre de mãos dadas com ele, para lhe transmitir segurança) e disse-lhe que gostávamos que ele fosse nosso filho. Apenas isso. Não disse que queria que fossemos pais dele, porque, parecendo que não, são coisas diferentes.
Ele não disse nada, mas ficou muito sério, pensativo.
Entretanto seguimos para casa, cantámos e rimos toda a viagem (É impossível não desatar a rir quando se tenta interpretar a música “Era uma vez um cavalo, que vivia num lindo carrossel” em todos os géneros músicas, da ópera ao hard rock).

Já em casa, depois de muitas brincadeiras, chamou-me a dada altura. Mas não o fez pelo meu nome, como até ali. Disse a medo: “Isto é nosso, mãe?”

O meu coração parou. Estava preparada para nunca o ouvir chamar-me assim.
Abri muito os olhos para a minha mãe - que, embora não devesse, tinha decidido ir lá a casa, sob um pretexto qualquer, para o conhecer – e ela fez-me um sinal para responder.

“Sim, é nosso, filho!” - E foi assim que me tornei mãe.



13 comentários:

  1. Olha, eu nao me costumo emocionar com as historias dos partos e de quão bonito foi ver o filho/a pela primeira vez (e acredito que seja muito bonito e emocionante, mas não mexe comigo)... Mas o teu relato, tão simples, conseguiu-me pôr a lagrimita no olho :) ainda bem que vocês encontraram um filho e M. uns pais como ele bem precisava :)

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  2. Tenho uma menina de 4 anos e acho que não me tornei mãe no dia que ela nasceu, no meu caso foi no 5 mês de gravidez quando passei por uma situação muito dificil. Acho que isso se constroi todos os dias, como ela estava na minha barriga foi nessa altura, mas se a tivesse conhecido com 6 anos seria essa a altura em que me tornava mãe. Acho que é um sentimento que não tem de ter um vinculo biológico, sei que todos os dias sou mais mãe e contigo deve passar-se o mesmo.

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    1. É verdade! Também sinto que todos os dias sou um pouco mais mãe!

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  3. Uma história bonita e de sucesso! Confesso que gostava que o meu processo de aproximação ao meu filho do coração também fosse assim... O seu foi muito natural! Parabéns!

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    1. Anónimo: cada caso é um caso.
      O nosso é realmente um caso de sucesso :) mas devo acrescentar que nem tudo foram rosas. houve uma altura em que pareceu que as coisas sofreram um revés. felizmente, os maus momentos já passaram e, como deve compreender, opto por não os partilhar aqui.

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  4. Fiquei emocionada com este texto.
    Parabéns!

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    1. Obrigada, Catarina! Espero que esteja tudo bem contigo e com a tua família!

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  5. É verdade, como o tempo passa...
    Gosto muito de vocês
    C

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  6. Isto não se faz... posts destes a esta hora deixam-me de lágrimas nos olhos de tamanha emoção e depois é ver a "famelga" toda a perguntar-me porque é que estou a chorar...
    Que bom para o M ter encontrado uns pais como vocês.

    Entretanto aproveito para te perguntar onde posso arranjar sementes para aquelas coisas, cujo nome não me recordo agora, mas que além de darem um excelente esfregão, são espectaculares para fazer esfoliação.

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    1. Obrigada, Manuela!
      Comprei as sementes de luffa no ebay, num vendedor de Inglaterra. E já as semeei.. vamos ver se tenho sorte!

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  7. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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